A partir de 25 de fevereiro, as primeiras emissoras de rádio em amplitude modulada (AM) devem começar a migrar para a frequência modulada, ou FM. Em debate nesta segunda-feira (15) no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, representantes do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre outros, explicaram que o processo de migração das rádios AM para FM ocorrerá em dois lotes e vai precisar de adaptação tecnológica também por parte dos ouvintes dessas emissoras. A extinção do serviço de radiodifusão local por onda média, ou AM, foi determinada por decreto em 2013.
Por isso, as emissoras deveriam optar até o final de novembro pela migração para FM, que tem um custo diferente dependendo de fatores como potência, população, indicadores econômicos e sociais do município. Os valores vão de R$ 30 mil a R$ 4,5 milhões. O espectro de onda média regional e nacional continuará existindo. O secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Roberto Martins, explicou que as emissoras que solicitaram a migração foram divididas em dois grupos. O primeiro contém 954 emissoras, que já foram alocadas na faixa normal de FM e têm até dia 25 de fevereiro para apresentar a documentação exigida. — Pretendemos fazer a análise da documentação até meados deste ano para que as empresas possam assinar os contratos e apresentar os projetos técnicos — disse Martins. O segundo grupo possui 377 emissoras. Dessas, cerca de 300 podem depender do desligamento da televisão analógica para utilizar os canais 5 e 6 do espectro eletromagnético de radiodifusão. Isso vai gerar a necessidade de que os ouvintes comprem um novo aparelho de rádio.
O representante da Anatel, Rodrigo Loureiro, explicou que a essas emissoras será dado um prazo de cinco anos durante o qual elas poderão transmitir seu conteúdo tanto na faixa AM quanto na FM. Segundo ele, das 1.781 emissoras locais que atuam na faixa AM, 1.300 pediram a migração para a FM. Ele disse ainda que 730 canais nas ondas FM já apresentam disponibilidade total para a imediata prestação de serviço. Digitalização O diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), Luis Roberto Antonik, disse que, embora as ondas AM apresentem grande alcance, possuem frequência muito baixa, o que as sujeita à interferência causada por equipamentos eletrônicos. Além disso, a antena da rádio AM não consegue alcançar telefones e outros dispositivos móveis. Segundo ele, atualmente 10% da audiência do rádio vem de celulares. Se a solução parecia ser a digitalização do rádio, na prática os testes mostraram que isso ainda não é possível, devido ao alto custo. Por isso, a solução foi as emissoras AM migrarem para FM. Antonik afirmou que, segundo uma pesquisa da Abert, das 4,6 mil emissoras comerciais, 4,2 mil têm página na internet, mas apenas 1,4 mil emissoras possuem aplicativos para dispositivos móveis. — É muito pouco. A Abert tem por objetivo promover a digitalização e o acompanhamento tecnológico dessas emissoras. Então, desenvolvemos um programa por meio do qual a Abert contrata e paga, para essas emissoras, um aplicativo tanto para Android quanto para iPhone. Com isso, estamos tentando aumentar a taxa de penetração das rádios em aplicativos e, assim, salvar as emissoras AMs — disse.
Pesquisa A professora da Universidade de Brasília (UnB) Nélia Del Bianco explicou que uma pesquisa feita por essa universidade sobre a migração da AM para a FM mostrou que a experiência do rádio com a transmissão simultânea na FM já acontece na maioria das emissoras. Além disso, algumas delas estão preocupadas em renovar a plasticidade da rádio, trocar alguns locutores para produzir uma sonoridade mais leve e dinâmica. Também pesquisadora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Nélia esclareceu que essa instituição defende a digitalização da rádio, mas, como isso se mostrou inviável no curto prazo, passou a defender também a migração da AM para FM.

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