sábado, 17 de março de 2012

Lula Cabral Lança Vado da Farmácia seu sucessor no Cabo e sai do PTB


A gestão do senhor conta com uma boa aprovação popular e sua meta é eleger o sucessor. Quem será?
Essa semana, tivemos uma conversa com o governador e o PSB decidiu que o grupo apoiará o nosso vice-prefeito Vado. Ele é uma pessoa que está conosco há mais de sete anos, ajudando esta administração. Estamos com três anos e sete meses de mandato e chegamos a uma aprovação de 80%. Tudo o que fizemos pelo Cabo, foi em conjunto. Definimos o plano diretor, buscamos as pessoas-chaves para compor as secretarias e basicamente dividimos os trabalhos da prefeitura. Ele é um homem do povo. Ele é um homem que acorda às cinco horas da manhã e já tem gente na porta da casa dele. Ele é uma pessoa humilde, que sempre atende à população de dia e depois fica com a parte administrativa no seu gabinete.

Apesar do seu estilo popular, Vado da Farmácia ainda aparece atrás de Betinho Gomes nas pesquisas. Qual vai ser a estratégia para reverter esse quadro?

Você precisa analisar que ele está nessa situação porque ainda não foi lançado. A partir da próxima semana, quando a pré-campanha estiver nas ruas e a população começar a saber quem é o candidato do governador Eduardo Campos, quem é o candidato do prefeito Lula Cabral, tenho certeza absoluta que ele vai alavancar nas pesquisas.
No Cabo, Betinho Gomes tem história com seu grupo político e Vado ainda está construindo sua história. Como será a estratégia para enfrentar o grupo dos Gomes?
Nós estamos preparados para ganhar, para mostrar ao povo que a mudança tem que continuar. O povo do cabo não sente saudade de outra gestão (Elias Gomes-PSDB), depois que o povo do Cabo conheceu o nosso modelo de gestão, não tem saudade. Fizemos uma mudança quando assumimos e essa mudança tem que continuar. Temos pesquisas que indicam que várias pessoas votam no nosso candidato. Nós estamos fazendo política e temos a credibilidade de dizer que estamos fazendo e que se formos eleitos, vamos continuar esse trabalho.

O vereador Gessé Valério (PSB) também disputava a indicação para ser o seu candidato. Como foi feita essa construção, e ele vai se engajar na campanha de Vado?

O PSB tem o monitoramento de todas as cidades, principalmente as principais do Estado. No Cabo, os candidatos estão sendo monitorados há seis meses. E eu acredito que foi baseado em pesquisas que a direção municipal do PSB levou a indicação para a cúpula do partido e eles decidiram que Vado era o melhor candidato.
Será feito algum ato para oficializar a candidatura de Vado?
Será feito um ato semana que vem para fazer o pré-lançamento. Esperamos contar com a presença do governador e com outras lideranças da Frente Popular.
A disputa no Cabo conta ainda com a pré-candidatura do deputado federal Fernando Ferro (PT). O fato de Vado ser socialista facilitará a presença de Eduardo Campos no palanque ou ele não irá por ter um candidato do partido aliado?
Eu acredito que o governador vai sim para o Cabo, apoiar o candidato que é do partido dele. Vado é candidato do número 40, em um município importante. Agora a candidatura de Ferro e outras candidaturas que possam surgir são legítimas. Todos os partidos querem disputar em grandes municípios.
O senhor está lançando Vado agora, mas como está a busca de apoio de outros partidos? Já deu início às conversas?
Temos conversado com os partidos da Frente Popular, com excessão do PT que está lançando a candidatura de Ferro. Mas a gente sabe que muitas águas ainda vão rolar. E vamos buscar soluções, acredito muito no entendimento, que vamos conversar com todos os partidos da frente e vamos com uma candidatura forte.
Vai procurar o PT?
Vou procurar o PT, vou procurar todos os partidos. O PT faz parte da nossa gestão. Agora, a candidatura deles é legítima e na hora certa vamos definir.
Se a candidatura de Ferro for mantida, eles devem entregar os cargos no seu Governo?
Deveriam entregar os cargos. Eles ocupam a Secretaria de Orçamento Participativo. Se eles definirem uma candidatura, certamente eles vão entregar os cargos.
Quanto às candidaturas para a chapa proporcional?
O exército é grande porque todos sonham em representar o povo, e com o aumento de vagas na Câmara do Cabo, de 12 para 17, essa procura tende a ser maior ainda. Agora, todos são conscientes de que, quando eleitos, têm que ajudar nosso projeto no Cabo. A gente não aceita mais candidatura de vereador só para ser vereador.
Com sua saída do PTB,  o senhor está mais próximo do PSB?
Chegou o momento de poder falar nesse assunto. Eu entreguei a minha carta de filiação. Em 2003, se formou o Grupo Independente que reuniu grandes nomes da política pernambucana, como Roberto Magalhães (DEM), (deputado federal) José Chaves (PTB), (senador) Armando Monteiro Neto (PTB) e meu amigo-irmão (ministro do Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro. Eles me chamaram para ir para o grupo e eu via naquela época – eu era do PMDB -, e não era muito bem ouvido porque aprovei as contas do (ex-governador) Miguel Arraes e não fui perdoado pelo meu partido, que tinha fechado em votar contra Dr. Arraes. Eu não estava confortável e, quando foi formado esse grupo, recebi um convite de Luiz Piauhylino e Múcio para ir para o PTB. Eu fui e sou muito grato ao PTB. O PTB garantiu legenda para disputar no Cabo, ganhamos duas vezes. Mas houve um episódio que está na carta que entreguei, que foi o do meu irmão Everaldo Cabral, que é mais velho que eu, milita há mais anos na política que eu, mas que votou pela emenda da reeleição do deputado Guilherme Uchoa. Ele não votou por conselho meu, mas, com isso, fui tachado, fiquei sendo tratado praticamente como adversário. Eu permaneci no PTB, mas eu não vi mais condições de ficar.
O senhor tentou dialogar com a direção do PTB para colocar essas questões? Foi atendido?
Não, até porque foi José Humberto (secretário-geral do PTB) que enviou uma carta para Everaldo, dizendo que se ele não saísse do partido, ele seria expulso. No caso, não foi isso que aconteceu. Se eu quisesse ter abandonado o barco do PTB, eu teria saído, quero que isso fique bem claro. Eu disse que sempre o apoiei e vou continuar a apoiá-lo, eu deixei isso claro. Mas não tive nenhuma participação nessa decisão. Essa decisão foi tomada por ele. O que eu acho é que um deputado não pode ser expulso por uma decisão de votar junto com a base aliada do governador Eduardo Campos.
Everaldo foi para o PSB e Gessé Valério filiou-se ao PSD. E o senhor foi visto como o mentor.
Você tem que entender que todo mundo quer disputar um mandato pelo PSB. Obviamente, o PTB é uma legenda atrativa, onde a gente tem um carinho muito grande, mas o apoio do governador é fundamental para quem quer disputar uma prefeitura da Região Metropolitana do Recife. Talvez, por isso, Gessé e outros vereadores saíram. Outros saíram para o PSD pela brecha da legislação (que acoberta quem migra para uma legenda recém-fundada). Então, tenho o que agradecer ao PTB, não tenho nada contra o partido, mas não posso ficar sendo tratado como um adversário quando não tenho nada a ver com isso.

Como fica a situação da comissão provisória do partido no Cabo, que o senhor presidia, mas foi extinta?

Eu não posso falar mais por isso. Não houve renovação, e se não houve é porque os dirigentes do partido não têm interesse de renovar. Mas também eu estou deixando o partido e eles vão poder ficar à vontade.
Como o senhor vê a aproximação de Armando Monteiro Neto com seu adversário Betinho Go­mes?
Não vejo aproximação. Armando Monteiro conversa com todos os partidos. Fernando Ferro tem o procurado, Betinho tem o procurado. E ele como senador da República atende. Agora, eu espero que ele apoie o candidato da Frente Popular no Cabo, que é Vado, o candidato do governador. Torço para isso.
O senhor teme que o PTB peça o seu mandato na Justiça?
Eu nasci depois do medo. Eu não posso ficar num partido onde a comissão provisória venceu e não foi renovada automaticamente. Eu entrego minha carta de desfiliação, mas não tenho medo.
Qual será o seu futuro após a saída do PTB. Já sabe para qual partido irá?
Tenho um carinho muito grande pelo PSB e meu caminho será o do governador. Sou aliado de primeira hora, amigo do governador e devo marcar uma data para me filiar. Não cheguei a conversar com o governador, mas não vou sair de um partido e entrar imediatamente em outro. Seria deselegante. Devo passar agora por uma quarentena. Vamos conversar para saber como fica. Mas os meus caminhos são o do governador.
Quando há um problema político com um chefe do Executivo, há sempre uma preocupação de que possa afetar a gestão. Como o senhor fará para que esse processo de mudança de legenda não afete seu Governo?
Não acredito que Dr. Armando Neto depois de tanto tempo fará isso (tomar o mandato). Temos uma assessoria que sabe que podemos tomar essa decisão. Não vai afetar o nosso planejamento para a cidade.
Quais são seus planos para quando o senhor deixar a Prefeitura?
Eu sou empresário e vou voltar a administrar as minhas empresas. Quanto ao futuro político, não sei. Sempre tive o sonho de ser prefeito do Cabo para poder fazer o que realizamos nesses últimos anos. E vou sair com a sensação de dever cumprido porque, quando você sai com uma aprovação alta, sabe que fez um bom trabalho.

O Cabo hoje está numa situação econômica muito boa. Quais serão as orientações para, no caso de Vado ganhar a eleição, ele tocar a gestão?

A primeira coisa que fiz, quando assumimos, foi eleger um plano diretor para a cidade com todos os segmentos, debatemos uma cidade para mais de 20 anos. Então, temos todo um planejamento que foi traçado. Todo gestor novo quer implantar algo diferente e isso é natural. Mas se seguir o nosso planejamento e manter o diálogo com a sociedade, não tem jeito de dar errado. Vado não é uma aventura, ele nos acompanha há mais de sete anos, vendo a gente falar, conversar com os empresários e com o povo. A gente tem discutido e não tem como dar errado.

Como tem sido o relacionamento com o senador Armando Neto? Ele tem atendido o senhor?

Não, não. Dr. Armando é um homem muito ocupado. Senador da República, tem muitos compromissos e a gente não tem tido muito diálogo. Mas não tenho mágoa nenhuma.
Esses partidos que estão discutindo uma candidatura alternativa no Recife continuarão independentes?
Não sei. Eu acredito que, quando se esgotarem as conversas, todos vão voltar para a Frente Popular e para o comando maior de Eduardo Campos.
Desde que o seu irmão, o deputado estadual Everaldo Cabral (PSD), votou a favor da emenda Constitucional que permite a reeleição dos integrantes da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, no início do ano passado, a relação entre o prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, e a direção do PTB entrou em processo de desgaste. Nesta entrevista à Folha de Pernambuco, Cabral revela que a situação tornou-se incontornável e o levou a entregar a carta de desfiliação do partido, ontem. Seu futuro será definido junto com o governador Eduardo Campos (PSB) e são grandes as chances de Lula virar socialista. Agora, o foco do prefeito é reunir esforços para eleger o seu sucessor, cujo nome escolhido ele revela:  o vice-prefeito José Ivaldo Gomes, o Vado da Farmácia (PSB).fonte:folha-pe 17-03-2012.

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